Good Place- Uma análise


Por  Priscilla Manzoni


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Se você estiver em busca de uma séria incrivelmente engraçada, inesperada,
com um toque de humor negro e inclusive de filosofia de kant, você encontrou.
A séria Good Place (Bom Lugar), já com duas temporadas disponíveis na Netflix,
com renovação para a terceira, foi criada por Mike Schur (Parks and Recreation),
com Kristen Bell (Veronica Mars) e Ted Danson (Becker) nos papéis principais.
A história já por si chama atenção, uma vez que conta a trajetória de Eleonor
Shellstrop, que acorda num belo lugar denominado Good Place (bom lugar) e é
recepcionada por Michael (Ted Danson), que lhe revela que ela morreu (sim,
passou dessa para melhor) e existem dois lugares: um bom e outro ruim, estando
ela no lugar bom (que bom).
Porém, Eleonor na realidade não é uma pessoa boa, ao contrário, é egocêntrica,
adora falar palavrões, trata as pessoas de forma nada lisonjeira, enfim...é
estranho estar no Bom Lugar. Tanto é assim que logo suspeita que por algum
erro “divino” foi parar ali.
E não para por aí. Logo ao entrar no Bom Lugar, descobre que cada pessoa
possui uma alma gêmea e no caso de Eleonor, é o Chidi (William Jackson
Harper), um professor de filosofia (ai).
Em tese, o Bom Lugar foi criado para funcionar em perfeita harmonia. Inclusive,
há uma robô – Janet – que possui um conhecimento sobre todo o universo e
pode lhe trazer o que você quiser, desde um sorvete a uma locomotiva (alguém
me dá uma de presente?). Porém, logo no início da série, percebemos que algo
não está certo, pois ora, Eleonor está lá, certo?
Além disso, depois de sua chegada, as coisas vão ficando estranhas, de modo
que os habitantes começam a se indagar o que está errado, enquanto Eleonor
faz de tudo para enganar a todos para permanecer no Lugar Bom.
Uma coisa que chama muita atenção é que a protagonista é obrigada a fingir ser
uma boa pessoa e sequer pode falar palavrões (a palavra é substituída por outra,
de modo que e impossível não rir quando isso acontece).
Nessa jornada, Eleonor também encontra a filantropa Tahani e o monge Jianyu,

formando um grupo bizarramente engraçado.
Cheia de reviravoltas, num cenário propositalmente ensolarado e belamente
contrastante às piadas obscuras, The Good Place é o tipo de série que você
pode assistir em qualquer lugar (sim, inclusive no metrô), garantindo não só
risadas, mas também reflexões sobre nossas vidas e comportamento.

Além disso, o que será que essa série traz para a nossa própria vida? Desde pequenos,
sabemos da eterna luta do bem e do mal, bem como o fato de que se fizermos coisas boas,
iremos para o céu e se fizermos coisas ruins, iremos direto para o inferno.
Mas além da preocupação constante em agir “assim ou assado”, devemos agir não por medo
de ir para um ou outro lugar e sim viver nossa vida de forma digna, mesmo se você não
acreditar que exista céu ou inferno.
Não se deve viver fazendo coisas boas com o intuito somente de chegar ao céu porque
dificilmente você se tornaria uma pessoa boa, eis que seu objetivo é chegar ao céu apenas e
não viver com princípios, moral e respeito pelos outros.
A série é ótima para fazermos esta reflexão e “cairmos na real” que apenas devemos ser boas
pessoas, agindo com reciprocidade e solidariedade, ajudando o mundo todo como um só a
progredir, posto que se o mundo progride, eu também progredirei.
É pegar as inseguranças, todas as desavenças e tentar aprender com elas. Não é fácil, ao
contrário, é um exercício extremamente difícil, ainda mais porque o ser humano é deveras
“reclamão”.
A série ensina que todos merecem uma segunda chance e é assim que devemos viver. Há
sempre uma chance em cada esquina de fazer melhor, nunca deixar um problema ficar lá no
fundo do seu coração porque a mágoa te destrói e algo que você poderia resolver se tiver um
pouco de coragem, pode virar uma bola de neve quando interpretarmos as coisas em nosso
individualismo ao invés de tentar entender o que o outro está dizendo.
Importe-se com os outros. Entenda o lado deles e o lado egoísta irá sair aos poucos. Com
frequência o diálogo é o melhor amigo, o divisor de águas, o reconciliador. Se deixarmos
resquícios, a convivência fica tão ruim que iremos desconfiar de cada palavra, passo ou gesto,
seja do amigo, da esposa, do esposo, do familiar.
Fale, não se chateie a toa. As coisas devem ser concertadas. É melhor que quebrar relações.
Viva. Mas viva de verdade, não aquela vida de plástico onde você somente trabalha, se
estressa e esquece das coisas boas. Aproveite sua vida. Se não possui dinheiro pra viajar, o que
é frequente, vamos concordar, vá a um parque, mas saia de casa, respire outros ares. Não viva
vida de facebook ou instagram, pois a vida não é perfeita e parece que as pessoas se
esquecem disso. Ninguém é rico o tempo todo, ninguém só faz coisas legais o tempo todo. Não
é todo momento que rimos, mas o choro também nos faz crescer. Erga sua cabeça e viva da
melhor forma possível, mas sem pisar nos outros.
Num mundo de ostentação, a superficialidade parece mais importante que valores morais,
amor...por si, pelo outro. É hora de mudar.

E aí, simbora assistir?

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